O CONTAMINANTE ESTRANHO

ESPAÇO PARA TROCA DE IDEIAS E OPINIÕES COM O INTUITO DE LIMPAR TODO O TIPO DE CONTAMINANTES EXISTENTES NAS NOSSAS MENTES

segunda-feira, 21 de outubro de 2013


ACORDO ORTOGRAFICO, A LINGUA SOMOS NÓS




                  Descobri desde muito cedo, que uma língua não deve ser ratificada por decreto, quando tive uma professora primaria que era de uma região de Portugal no caso beira interior que quando pronunciava a palavra “agua” dizia antes “iagua”, o que a bem dizer diga-se vindo de uma professora eu e os meus colegas começamo-nos a questionar se quando escrevêssemos a palavra se faríamos como as anteriores professoras nos ensinaram ou reproduzíamos a palavra em causa num ditado… obviamente que escrevemos sempre “agua”, mas a duvida instalou-se, o que é certo é que mesmo dentro de um país tão pequeno como Portugal, há varias “línguas” sob forma de pronuncias, todos temos uma forma característica de falar em que são aplicados termos e palavras que noutro lado não são usados ou pronunciados no entanto no meio de tudo todos cometemos erros ao dito português correcto, pois as pronuncias obviamente têm falhas linguísticas como é o caso do exemplo da “iagua” sem que no entanto as pessoas se importem ou estejam na realidade a falar mal.

                     A situação complica-se dado que a língua portuguesa é uma das 5 línguas mais faladas no mundo portanto se em Portugal há tanta pronuncia e uma mescla de línguas imagine-se no mundo e em regiões tão diferentes como em Africa e na América do Sul, obviamente a língua portuguesa é idêntica mas tem diferentes formas de ser falada e com pronuncias diferentes, o que tentam com o acordo ortográfico que tanta polémica tem suscitado é regular a língua por decreto de modo a encurtar as diferenças linguísticas como já ocorreram em outros acordos ortográficos, ou pelo menos é esse o grande argumento dado pelos defensores da causa, grandes académicos estiveram por detrás deste acordo que os detractores acusam de ter Portugal cedido aos interesses dos outros países lusófonos principalmente do Brasil, pois muitas das palavras e regras impostas são quase um decalque da pronuncia brasileira.

                       Mas o problema está mesmo aí, mas afinal a que parte do Brasil se refere? No acordo ortográfico uma das medidas que se tomaram foi a de eliminar as consoantes mudas como actor em que o C é eliminado passando a escrever-se ator, ou recepção passando a ser receção neste caso o P é eliminado, mas o problema está exactamente aí os brasileiros de algumas regiões tal como as há em Portugal, pronunciam até de uma forma bem carregada as consoantes que no acordo querem que sejam mudas, e então? O que se faz nestes casos?

                       Sou contra o acordo ortográfico na sua essência, por não haver uma clara evolução da língua mas tentarem por decreto “obrigar”, vários países a adoptar um acordo que não tem pés nem cabeça, o português varia pelo mundo como na própria origem ou seja em Portugal, dentro de Portugal há varias “línguas” próprias de cada região e pronuncias, bem como em muitos países africanos e mesmo no Brasil, agora tentar igualar por decreto uma coisa inigualável, levando mesmo a uma enorme mescla de disparates, falam em consoantes mudas por exemplo, e quem as pronuncia? Deixa de falar português?

                        Será que se passa a censurar povos que têm a sua pronúncia ou escrevem da forma como falam ou como sempre aprenderam apenas para dar a ideia de que o português passa a ser uma língua mais moderna? Acho engraçado os que defendem o acordo virem a terreiro dar exemplos estúpidos como por exemplo no acordo anterior terem-se eliminado determinados caracteres para definir uma palavra como por exemplo o caso de pharmacia passar a escrever farmácia que foi uma evolução, sim é um argumento interessante, mas por exemplo se calhar estes defensores escrevem pharmacy em inglês e são capazes de escrever whisky em vez de uísque (que é a tradução feita para português), ou seja somos nós que somos a língua e não um decreto que deve obrigar a escrever ou a falar de determinada maneira, daí eu ser contra, portanto vou continuar a escrever segundo a ortografia que me der mais jeito e não aquela que me tentam impingir, se em alguns casos até pode haver regras que até podem ser aplicadas sem grandes problemas nem colocam qualquer entrave, há outras que são uma verdadeira idiotice.

                            Depois temos ainda mais um problema os países africanos, não ratificaram o acordo, e o Brasil está neste momento renitente, apenas Portugal defende uma coisa completamente aberrante e sem nexo, vão fazer vigorar um acordo que mais parece uma lei dado que se vai arriscar a ser o único a promulga-lo e a cumpri-lo pois se o Brasil recuar os países africanos esses estão-se a cagar para o acordo, têm mais do que se preocupar do que impingir uma língua que se calhar nem nunca será falada por aquelas bandas, mas que é considerada a língua oficial, já para não falar nos problemas a nível de ensino e educação que eles têm por lá, portanto só mesmo Portugal para embarcar numa historia destas, por muitas idiotices do género desta hoje estamos a pagar a factura, deixem as pessoas falarem o que quiserem e escreverem como quiserem impor uma língua como certa é o maior dos erros pois não há uma língua igual para todos, todos falamos uma língua muito idêntica, mas muitas vezes bem diferente, mas no fundo todos nos entendemos para quê complicar?



NAKED MAN

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