ACORDO ORTOGRAFICO, A LINGUA
SOMOS NÓS
Descobri desde
muito cedo, que uma língua não deve ser ratificada por decreto, quando tive uma
professora primaria que era de uma região de Portugal no caso beira interior
que quando pronunciava a palavra “agua” dizia antes “iagua”, o que a bem dizer
diga-se vindo de uma professora eu e os meus colegas começamo-nos a questionar se
quando escrevêssemos a palavra se faríamos como as anteriores professoras nos
ensinaram ou reproduzíamos a palavra em causa num ditado… obviamente que
escrevemos sempre “agua”, mas a duvida instalou-se, o que é certo é que mesmo
dentro de um país tão pequeno como Portugal, há varias “línguas” sob forma de
pronuncias, todos temos uma forma característica de falar em que são aplicados
termos e palavras que noutro lado não são usados ou pronunciados no entanto no
meio de tudo todos cometemos erros ao dito português correcto, pois as
pronuncias obviamente têm falhas linguísticas como é o caso do exemplo da
“iagua” sem que no entanto as pessoas se importem ou estejam na realidade a
falar mal.
A situação
complica-se dado que a língua portuguesa é uma das 5 línguas mais faladas no
mundo portanto se em Portugal há tanta pronuncia e uma mescla de línguas
imagine-se no mundo e em regiões tão diferentes como em Africa e na América do
Sul, obviamente a língua portuguesa é idêntica mas tem diferentes formas de ser
falada e com pronuncias diferentes, o que tentam com o acordo ortográfico que
tanta polémica tem suscitado é regular a língua por decreto de modo a encurtar
as diferenças linguísticas como já ocorreram em outros acordos ortográficos, ou
pelo menos é esse o grande argumento dado pelos defensores da causa, grandes
académicos estiveram por detrás deste acordo que os detractores acusam de ter
Portugal cedido aos interesses dos outros países lusófonos principalmente do
Brasil, pois muitas das palavras e regras impostas são quase um decalque da
pronuncia brasileira.
Mas o
problema está mesmo aí, mas afinal a que parte do Brasil se refere? No acordo
ortográfico uma das medidas que se tomaram foi a de eliminar as consoantes
mudas como actor em que o C é eliminado passando a escrever-se ator, ou
recepção passando a ser receção neste caso o P é eliminado, mas o problema está
exactamente aí os brasileiros de algumas regiões tal como as há em Portugal,
pronunciam até de uma forma bem carregada as consoantes que no acordo querem
que sejam mudas, e então? O que se faz nestes casos?
Sou contra o acordo ortográfico na sua
essência, por não haver uma clara evolução da língua mas tentarem por decreto
“obrigar”, vários países a adoptar um acordo que não tem pés nem cabeça, o
português varia pelo mundo como na própria origem ou seja em Portugal, dentro
de Portugal há varias “línguas” próprias de cada região e pronuncias, bem como
em muitos países africanos e mesmo no Brasil, agora tentar igualar por decreto
uma coisa inigualável, levando mesmo a uma enorme mescla de disparates, falam
em consoantes mudas por exemplo, e quem as pronuncia? Deixa de falar português?
Será que
se passa a censurar povos que têm a sua pronúncia ou escrevem da forma como
falam ou como sempre aprenderam apenas para dar a ideia de que o português
passa a ser uma língua mais moderna? Acho engraçado os que defendem o acordo
virem a terreiro dar exemplos estúpidos como por exemplo no acordo anterior
terem-se eliminado determinados caracteres para definir uma palavra como por
exemplo o caso de pharmacia passar a escrever farmácia que foi uma evolução,
sim é um argumento interessante, mas por exemplo se calhar estes defensores
escrevem pharmacy em inglês e são capazes de escrever whisky em vez de uísque (que
é a tradução feita para português), ou seja somos nós que somos a língua e não
um decreto que deve obrigar a escrever ou a falar de determinada maneira, daí
eu ser contra, portanto vou continuar a escrever segundo a ortografia que me
der mais jeito e não aquela que me tentam impingir, se em alguns casos até pode
haver regras que até podem ser aplicadas sem grandes problemas nem colocam
qualquer entrave, há outras que são uma verdadeira idiotice.
Depois temos ainda mais um problema os países africanos, não ratificaram
o acordo, e o Brasil está neste momento renitente, apenas Portugal defende uma
coisa completamente aberrante e sem nexo, vão fazer vigorar um acordo que mais
parece uma lei dado que se vai arriscar a ser o único a promulga-lo e a
cumpri-lo pois se o Brasil recuar os países africanos esses estão-se a cagar
para o acordo, têm mais do que se preocupar do que impingir uma língua que se
calhar nem nunca será falada por aquelas bandas, mas que é considerada a língua
oficial, já para não falar nos problemas a nível de ensino e educação que eles
têm por lá, portanto só mesmo Portugal para embarcar numa historia destas, por
muitas idiotices do género desta hoje estamos a pagar a factura, deixem as
pessoas falarem o que quiserem e escreverem como quiserem impor uma língua como
certa é o maior dos erros pois não há uma língua igual para todos, todos
falamos uma língua muito idêntica, mas muitas vezes bem diferente, mas no fundo
todos nos entendemos para quê complicar?
NAKED MAN
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