ANTONIO COSTA FALA SOBRE A CAPACIDADE DE PORTUGAL ORGANIZAR GRANDES EVENTOS
Logo após o termino das JMJ o primeiro ministro o Dr. António Costa lá
veio fazer a habitual propaganda que tanto gosta de fazer em volta do evento,
desvalorizando obviamente muita da coisa importante para nós portugueses mesmo
que no imediato não o seja assim tão importante quanto isso pode vir a sê-lo no
futuro ou seja estou obviamente a falar em custos ou ainda melhor na famosa
combinação custo/beneficio que é coisa que os portugueses raramente fazem no
que toca a eventos e organizações, ora o que o primeiro ministro lá veio dizer
é que Portugal sabe organizar eventos e que os portugueses apesar de passar
todo o tempo a falar mal de algo que está para ocorrer acabam depois por um
lado a fazer um bom trabalho e por outro tudo o que é feito acaba para
beneficio dos portugueses e do país e deu alguns exemplos como o caso da Expo98
e do Europeu de futebol em 2004 bem como obviamente das atuais jornadas,
situação que digamos me deixou “tocado” por ter sido um dos que critiquei todos
esses eventos embora por situações bem diferenciadas.
Como disse estas palavras de
propaganda têm obviamente um cariz tendencioso, o de ver sempre o copo “meio
cheio” ora eu como me vão sempre ao bolso tenho a tendência obviamente de ver
esse mesmo copo “meio vazio” ou seja, em momento algum duvido da capacidade dos
portugueses em organizar eventos e de os fazerem muito bem feitos e que causem
impacto para todo o mundo bem como para beneficio de muitos portugueses, mas os
exemplos dados por António Costa pecam por algumas discrepâncias, ora se a Expo98
foi muito criticada pelos portugueses, eu fui um deles, sim mas não da forma
como estão a pensar, na altura quem me conhece sabe que eu estive sempre contra
a realização de tal evento na perspetiva de utilizador, ou seja achei uma barbaridade
a cobrança de 5000$00 ou seja 25 euros nos dias atuais por um bilhete de um dia,
para a capacidade económica dos portugueses da altura e mesmo nos dias de hoje
há quem não tenha esse valor para dar por uma entrada, nunca pela realização do
evento, e melhor do que isso de toda a transformação que a zona teve com a
realização do evento, como consequências devo ter sido um dos únicos portugueses
que nunca frequentou essa exposição, mas fui um dos primeiros a visitar o local
quando o mesmo abriu para a população, ou seja a minha critica era mesmo pelo
absurdo da cobrança do bilhete a uma população que através dos seus impostos
custeou toda a exposição, aliás não tenho espirito comunista mas deve ter sido
das únicas vezes que devo ter sentido a revolta em ser explorado 2 vezes uma
por via dos impostos ou seja obrigatória outra por via do preço do bilhete ou
seja só ia quem queria e eu não fui.
Ora se no caso da Expo98 fui
contra apenas num pequeno pormenor embora tenha percebido desde muito cedo que o
custo/beneficio da obra iria evoluir o país e mais ainda Lisboa o que ocorreu,
já no caso do Euro 2004 fui contra em tudo, desde a realização de um evento onde
pagamos milhões de euros para a sua realização quando tínhamos por exemplo
abdicado da realização do Grande Premio de Portugal de Formula 1 por motivos económicos,
e fizemos o evento não poupando esforços nem meios para a sua realização
fazendo 10 estádios de futebol para o efeito de uma prova que duraria poucos
meses sendo que metade desses estádios correriam o risco na altura de ficar ás
moscas se as equipas que lá jogavam deixassem a primeira divisão (na altura não
havia liga), caricatamente foi o que veio a acontecer, é que tirando os estádios
dos 3 “grandes” todos construídos de novo e mais os estádios do “S. C. Braga” o
do “Bessa” (Boavista) e o do “Guimarães” (alguns destes ficaram ás moscas aquando
da descida de divisão dos clubes que por lá jogam), pelo menos 4 estádios
ficaram ás moscas literalmente o do “Leiria”, “Beira Mar”, “Académica” e o “Estádio
do Algarve” ainda hoje praticamente serve apenas para eventos esporádicos tendo-se
em conta da enorme manutenção destas infraestruturas os gastos de há quase 20 anos
para cá só com estes “monos” dá que pensar, portanto as minhas criticas na altura
com toda a despesa em volta do evento deu-me razão poucos anos após o mesmo, se
o mesmo investimento fosse para fazer 2 ou 3 hospitais nunca haveria dinheiro
mas para a realização de um evento esporádico gastaram-se milhares de milhões
de euros, dizer que eu e alguns como eu exageramos nas criticas é ir um pouco
longe demais, é chamar-nos de parvos e fazer de todos os portugueses uns débeis
mentais.
Por ultimo o exemplo da JMJ,
sim foi um evento muito bem realizado, mas não era preciso tanta megalomania,
aliás sobre os anteriores eventos nem sequer tinha blogue na altura portanto
não pude escrever a minha opinião antes dos mesmos se realizarem, mas sobre
este evento escrevi por diversas vezes a minha opinião, e não fui bem contra a
realização do evento em si, fui e sou contra é por ter contribuído financeiramente
para ele através dos meus impostos, o evento poderia ser realizado com toda a
pompa e circunstancia, mas que a Igreja Apostólica Romana pagasse do próprio bolso
tudo, afinal somos ou não somos um estado laico? Imaginemos que a IURD também
quer realizar um evento no nosso país, temos que o financiar também? Pelo principio
da paridade teria que o ser também, pois se somos um país sem religião definida
é um pouco injusto uns terem tudo pago enquanto outros têm que o pagar se o
fizerem… fica o pensamento para os que quiserem desenvolver o mesmo, é obvio
que alguma obra pode ficar para o bem da população se interesses imobiliários não
se levantarem antes, mas a frente ribeirinha se ficar como está Lisboa sem
duvida que terá um enorme parque urbano em que se orgulhar… mas para quê a
construção de um palco de uma envergadura tal que apenas serviu para 24 horas
de evento? É que um palco daquela envergadura imaginei que seria para todo o
evento, e que o palco construído no parque Eduardo VII apenas serviria para o
primeiro dia… afinal enganei-me construiu-se um palco por vários milhões de
euros apenas para uma noite e uma manhã… e depois o primeiro ministro vem dizer
que os portugueses reclamam por tudo e por nada? E que é absurdo tudo o que foi
dito em volta do evento? Se ele pagasse do próprio bolso a obra talvez não
falasse assim… suponho!
Para finalizar, não deixo de
acreditar na capacidade dos portugueses em fazer eventos e toda a logística em
sua volta, critico é sobretudo a megalomania que se impõe a todo o tipo de
iniciativa, recorrendo sempre aos mesmos de sempre, nunca olhando para a
iniciativa privada como solução é sempre o estado a desenvolver esforços e
claro sempre os mesmos para pagarem as ideias megalómanas e muitas vezes sem sentirem
retorno com o investimento feito, dizer que as criticas dos portugueses são
absurdas é o mesmo que os chamar de débeis mentais.
NAKED
MAN
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