INCENDIOS
Todos os anos é sempre o mesmo circo mediático, mal chega a primavera,
em alguns meios de comunicação social começa-se logo a especular seja porque há
muitos incêndios, ou pela ausência deles, parece haver “sede” na desgraça, mas
as coisas funcionam mais ou menos assim, atiça-se a ideia e espera-se os
resultados.
Pois esse facto
é mais ou menos visível, um pouco de calor e logo os meios de comunicação
social vem com a ideia de que ou há incêndios e os televisionam até ao vomito,
ou perante a ausência destes noticiam de que para a época os incêndios
diminuíram em Portugal… por vezes vão ao extremo de mostrarem imagens
avassaladoras de incêndios noutros países para subtilmente dar a ideia a quem
sonha com este tipo de atentados, e o mais certo é terem sucesso pois
curiosamente após alguns “apelos” deste género, pouco tempo depois lá temos os
“desejados” incêndios florestais em Portugal.
Muito se
especulou ao longo dos tempos com este assunto, primeiro para explicar a vaga
de incêndios criminosos culpou-se os madeireiros, os caçadores, os pastores
etc. etc. etc. no entanto e após serem criadas leis mais punitivas esses mesmos
incêndios não desapareceram, bem pelo contrario continuaram a queimar áreas e
áreas de florestas, passou-se a culpar que os incêndios teriam mais
consequências devido á falta de Maios, fossem aéreos, humanos e de material
diverso, nesse aspecto o governo apostou principalmente em meios aéreos, e este
ano por exemplo houve incêndios que tinham vários meios aéreos a combate-lo e
não foi isso que fez com que não acontecessem tragedias entre os bombeiros no
terreno.
Agora a
culpa é da falta da limpeza dos terrenos, e este aspecto embora até seja meio
lógico, pois sem a limpeza adequada há maior probabilidade da propagação dos
incêndios, a lei de limpar até 50 metros em volta das casas é surreal, alguém
tem noção o que são 50
metros ? E o mais curioso é que o que apenas se deve
limpar é mato e arbustos, as arvoras não são contempladas, no entanto há um
pequeno problema são exactamente as arvores que são as maiores responsáveis
pelos incêndios ás habitações devido á sua estatura e fazerem o efeito “forno”
em volta delas, limpar o mato só por si não basta e 50 metros é uma área considerável,
a acontecer pura e simplesmente deixava de haver zonas verdes, e pior,
estaremos perante o dilema da galinha e do ovo, os terrenos já lá estavam antes
de existirem casas, deverá se permitir a construção em zonas de mato ou floresta?
Ou depois de serem construídas os donos dos terrenos não poderão cultivar
cereais ou similares ou ter qualquer outro tipo de culturas no raio de 50 metros das casas? Sim
porque não é só mato e erva que há em volta das casas por vezes também hajam
terrenos agrícolas cultivados, e nestes casos? O que se fará?
É fácil
colocar uma culpa em algo ou alguém, mas o que muita gente ignora ou não se
quer lembrar é que os incêndios são necessários, é verdade, durante séculos o
fogo foi usado na agricultura e ainda o é para regenerar a natureza, matando o
velho e adubando através das cinzas novas culturas, não é ao acaso que muitos
pastores são “apanhados” como causadores de incêndios, eles o fazem porque
sempre foi pratica corrente de modo a se regenerarem pastagens, e aí temos um
problema, eu lembro-me na minha época de criança nas queimadas que o meu pai
fazia nos terrenos onde tinha sido semeado com cereais, para nós era uma
brincadeira pois fazíamos de bombeiros apagando o fogo que teimava em avançar
para alem dos limites e o meu pai regenerava o terreno para a próxima cultura,
essa pratica era feita por todos os meus vizinhos, hoje isso é crime, e tenho
até um caso curioso de uma vizinha minha já muito velhota que ignorando a lei
pois nem ler sabe, fez uma queimada numa valeta em frente á casa e a mesma como
nos velhos tempos estava munida com uma mangueira para apagar qualquer tipo de
ignição para fora do perímetro e é surpreendida com o chegar de 2 autotanques
dos bombeiros e 1 carro da policia para apagar a fogueira… é no mínimo
anedótico, criminalizar a direito não é a coisa mais acertada até porque um
incêndio numa floresta é bem diferente de um incêndio numa zona de mato ou em
zonas de resíduos baixos como balanços ou ervas rasteiras, alem de que com esta
diabolização dos incêndios não têm resolvido nada pois todos os anos há
incêndios e cada vez maiores.
Depois
temos o que eu acho o mais chocante, a cobertura mediática em volta dos
incêndios, uma coisa é noticiar um incêndio outra totalmente diferente é fazer
da noticia um espectáculo, pergunto a qualquer um que depois de ver as imagens
se se lembra do desespero das populações 6 meses depois? Obviamente que não, as
pessoas não necessitam daquele tipo de cobertura, e também evita que quem
incendeia criminosamente tenha incentivos para o fazer ainda mais, pela forma
que é feita a cobertura qualquer um que tenha essas intenções ainda fica com
mais vontade pois sente que o seu “trabalho” é reconhecido a nível nacional, é
como quem faz grafitis é uma marca que deixa, devia-se acabar com este triste
espectáculo, quem perde as coisas nos incêndios deviam-se revoltar com toda
esta exposição, não é o facto de meio Portugal se estar a “deliciar” com a sua
desgraça que lhes vai trazer mais beneficio, todos os que verem apenas vão
lamentar, continuar o que estão a fazer e esperam pela próxima noticia e vão
voltar a lamentar e assim sucessivamente… o publico quando é fiel paga bilhete!
Depois há
um pormenor que me deixa curioso, todos os anos há cada vez mais incêndios e o
curioso é que continuam a haver arvores de pé, isto só quer dizer uma coisa, a
natureza regenera-se por si só e a desgraça deste ano é alterada para o ano que
vem, não vai ser eterna, é como uma ferida no nosso corpo, dói nos primeiros
dias mas depois cura-se, portanto é idiota haver noticias de cada vez que
fazemos um corte, tal como é idiota fazer coberturas mediáticas em volta dos
incêndios, é que ninguém ganha com isso, a meu ver até só perdem.
NAKED MAN
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