BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME
Nestes ultimo fim de semana houve mais uma recolha de alimentos, “patrocinada” pelo banco alimentar contra a fome, não quero criticar o fundamento principal de tal iniciativa, acho até que é de um princípio de alguma nobreza, no entanto a forma como se processa a dita “recolha”.
Por acaso no sábado passei a pé junto de vários supermercados e tive a ocasião de reparar no aglomerado de miúdos (escuteiros) que povoavam cada porta de todos os estabelecimentos comerciais, mal alguma pessoa se aproximava da porta era literalmente “atacada” por meia dúzia de miúdos, com sacos vazios na mão, é assim não sou um apologista directo da ideia embora reconheça valor a quem se voluntariza e perca o seu tempo pela causa, no entanto não tem o direito de praticar uma verdadeira coacção a todos e quaisquer clientes de um determinado estabelecimento comercial, para o efeito ainda mais usando crianças. Que eu saiba o uso de crianças para efectuarem trabalho é ilegal em Portugal, mas no entanto não é para tudo, pelos vistos para estas acções e para fazerem trabalhos televisivos o uso de crianças pelos vistos é considerado legal.
É de estranhar no mínimo uma acção ser tão divulgada em tantos meios de comunicação social, não havendo bloco noticioso que em horário nobre não tenha reportagem no terreno a cobrir o evento, tanta informação seja escrita seja oral através da rádio e ainda para mais se usem praticas no local que lembra praticas de extorsão moral, que é a sensação que uma pessoa fica quando recusa amavelmente o dito saco, é natural que perante uma criança a pedir pessoas que á partida são contra este tipo de iniciativa (porque as há) ficam sensibilizados perante a situação embaraçante que se vêm envolvidos e lá acabam por contribuir, é que os miúdos ficam desiludidos com as negas, é pena usarem deste tipo de subterfúgios para obterem resultados, estando comparativamente para o efeito ao nível dos gangues romenos, as crianças seriam dispensáveis, se a campanha tem um motivo tão nobre ter adultos na recolha directa em vez de crianças seria uma forma mais “legal” de fazer as coisas, e não levar clientes dos espaços comerciais que apenas querem ir fazer as suas compras descansados a serem praticamente coagidos a contribuir para uma causa que em muitos casos até nem possibilidades teriam para o fazer.
Não quero ir pelo caminho da critica de quem acaba beneficiado pela dita campanha no entanto acabo por ter que ir a esse encontro, pois não devem faltar exemplos de pessoas ditas de classe media a serem beneficiários, e não tão aqueles que de facto a vida pregou uma partida, falo nomeadamente de gente que tem um emprego e que é beneficiário desses pacotes dados pelo banco alimentar e que não mereciam ou melhor nem necessitavam, conheço alguns desses indivíduos que de vez em quando vêm com saquinhos na mão mas não se coíbem de passar todos os dias pelo café lá da rua para tomarem o pequeno almoço, vê-se á vista desarmada o nível de necessidade desse tipo de famílias, se calhar eu sou um erro de casting no meio disto, provavelmente sou mais necessitado no entanto continuo a trabalhar para conseguir sobreviver, enquanto outros beneficiam de bens dados de uma forma um tanto ao quanto aleatória ou seja não têm que provar nada á partida nem se prestar a determinadas regras e acabam por beneficiar de “regalias” que outros que se esforçam ainda para mais acabam por contribuir nestas campanhas como decorreu neste ultimo fim de semana, uns de livre vontade outros nem por isso…
Pelo meu lado pessoal não contribuo para estas campanhas que aliás pelos exemplos que conheço e por outros que já me contaram, entendo portanto que a ser solidário poderei faze-lo por outros modos e até outros meios, não gosto á partida de me sentir pressionado ou coagido a fazer uma acção que á partida já não estou muito de acordo e com todas as formas de actuação destas campanhas ainda me levam mais a repudiar a sua característica.
Não tenho problemas em contribuir para causas, e contribuo, não sou sócio de nenhum clube de futebol, prefiro ser (como sou) sócio de associações humanitárias como corporações de bombeiros, bem como contribuo para qualquer causa que me seja dirigida de uma forma explicita e correcta agora ser abordado de uma forma não convencional e para mais usando crianças para o efeito, o que acho um acto do mais cobarde que possa haver, principalmente como disse inicialmente por uma causa tão divulgada nos meios de comunicação social como é este caso, é como dizia o diácono remédios “NÃO HAVIA…. NECESSIDADE!!!”
NAKED MAN
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