ASSIM NÃO VAMOS LÁ
Numa das minhas voltas de bicicleta, ao passar por uma aldeia, embora não tendo mais do que 150 habitantes, vi que só na rua principal havia 2 cafés e uma sociedade recreativa, que por acaso estava fechada, passo imensas vezes nessa terra de carro e nunca me tinha apercebido desse facto, mas ao ir mais devagar reparei nesse aspecto caricato, uma terra pequeníssima com 2 cafés abertos… provavelmente pode haver mais algum café mas apenas passei pela rua principal, é de referir que em quase todas as aldeias em volta tem o seu café ou tasca aberta, mas haver apenas um, OK aceito… mas 2?
Isto fez-me reflectir acerca deste aspecto curioso, na escola primária a minha professora ensinou-me que há 3 sectores na economia, o sector primário (extracção, agricultura, pescas, etc.), o sector secundário (industria, transformação, etc.) e o sector terciário (serviços, comercio, etc.), ora bem quase toda a economia portuguesa apoia-se no sector terciário, o sector secundário está numa fase já muito paliativa e o sector primário está completamente moribundo ou seja inexistente.
Então como estava a dizer a minha professora ensinou-me uma coisa que neste país de pessoas cultas, fez exactamente o contrario, ou seja para uma economia prosperar tem que se apostar principalmente nos dois primeiros sectores da economia, aqui neste país aposta-se há muitos anos no sector terciário, este é o país dos serviços e do comercio, quando algum amigo vosso ou alguém conhecido vos diz que se vai tornar empresário qual é o ramo que se está a referir? Obviamente a comercio ou restauração é raríssimo alguém dizer que vai abrir uma fabrica ou dedicar-se á agricultura, ora aí está o problema o sector terciário apesar de ser o sector onde provavelmente se obtém o maior lucro (pelo menos imediato) é também o sector em que pouco ou nada contribui para o desenvolvimento da economia, pois parte do produto da venda têm que ser diluído sob o preço de compra de quem transformou, fez a matéria prima e a exportou, é que de facto fez riqueza nunca vender o produto final ao publico.
Para se ter uma ideia do que estou para aqui a dizer, por exemplo um chinês a primeira coisa que faz quando decide entrar no mundo dos negócios é fazer uma mini oficina onde produz qualquer coisa, sejam eles brinquedos ou outro tipo de produto manufacturado produzido com matérias primas muitas vezes extraídas da china ou compradas a preços baixos, a china alem da agricultura (um dos seus maiores motores económicos), tem uma micro industria extremamente desenvolvida, cada chinês citadino é um provável micro operário no seu micro negocio é daí a já famosa falta de qualidade dos produtos chineses, não porque os chineses em si produzam artigos com falta de qualidade mas porque qualquer um o faz muitas vezes sem a mínima noção de como fazer o produto final fazem produtos onde não há controlo de qualidade nem o produzem com esse desígnio, produzem pura e simplesmente, pois quem compra também não tem como principal objectivo a qualidade mas o preço, é que há produtos de qualidade chineses mas esses produtos são tão caros como qualquer outro e produzidos em fabricas como deve de ser mas os produtos que vemos nas lojas chinesas são maioritariamente produzidos nessas mini oficinas que muitas vezes prosperam nas caves dos inúmeros arranha céus das grandes cidades, o objectivo de tanta produção é obviamente exportar a produção, que nos meus tempos de gaiato era vendido por portugueses nas lojas em Portugal, hoje os chineses até nisso dominam, hoje eles próprios vendem no exterior a sua própria produção ou seja controlam pelo menos os dois sectores da economia, o secundário e o terciário todo o lucro obtido é para a china, Portugal ou outro país qualquer onde isto se verifique não obtém qualquer lucro económico ou seja é uma constante fuga de divisas isto tudo aos olhos de todos e até com o contributo da grande maioria que vão ás lojas chinesas comprar….
Portanto quando ficamos espantados com o que dizem que os portugueses produzem pouco pensem neste exemplo, realmente produzem pouco, o que fazem é vender o que os outros produzem, isto não é produzir ao contrario do que muita gente pensa é apenas escoar a produção de outras economias, obtendo algum lucro mas a grande fatia é paga para quem nos exporta, importar não faz levantar a economia mas isso toda a gente já sabe mas provavelmente nunca se colocou a pensar nisso, porque chegamos a isto? Ou como vamos poder sair disto? Eu não sou visionário mas de uma coisa posso dizer, vender e não produzir é que não é de certeza, e como não se pode exportar o que não se produz portanto em vez de entrarem divisas saem cada vez mais… ASSIM NÃO VAMOS LÁ definitivamente….
O meu espanto com 2 cafés numa terriola pequena, apenas se ficou pela surpresa inicial, bem vistas as coisas todo este problema de crescimento da economia está em cada esquina, o português apenas se presta para facturar o que é produzido no exterior, em vez de se construírem pólos fabris … constroem-se pólos enormes de armazéns de logística e enormes centros comerciais, em vez de enveredar na agricultura ou pescas aceitam-se subsídios para destruir o pouco que se tem e compra-se tudo ao exterior, depois os políticos vêm dizer que temos de produzir mais… toda a politica no ramo da economia está há anos direccionada para o sector terciário hoje é que estão preocupados com a exportação, sinto que a minha professora primaria era uma visionaria… se calhar fui um privilegiado e nunca o soube e não tirei as devidas ilações ….Valia a pena pensar nisto….
NAKED MAN
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