O CONTAMINANTE ESTRANHO

ESPAÇO PARA TROCA DE IDEIAS E OPINIÕES COM O INTUITO DE LIMPAR TODO O TIPO DE CONTAMINANTES EXISTENTES NAS NOSSAS MENTES

domingo, 26 de julho de 2020

ESPECIAL COVID19: A MINHA EXPERIêNCIA A LIDAR COM A SITUAÇÃO


ESPECIAL COVID19: A MINHA EXPERIêNCIA A LIDAR COM A SITUAÇÃO

 

            Como uma vez já tinha dito um dia iria escrever toda a minha experiencia em torno do fenómeno pandémico do covid19, penso ter chegado o momento pois este será o meu ultimo texto sob titulo de especial covid19 dado que apesar de ainda haver muito a dizer, já não se justifica escrever todos os dias para praticamente se dizer o mesmo, este espaço pode muito bem ser escrito ao sábado em que irei escrever sempre dentro do tema, mas escrever um texto todos os dias já começa a ser exagerado, alem de que tenho que despender imenso tempo em torno da escrita e claro assi não tenho tempo para passar em família, vou portanto descrever todo meu ponto de vista pessoal em torno deste tema.

             Vou começar por dizer que fui daqueles que de inicio desvalorizou as noticias que davam conta inicialmente de mais uma doença envolvendo pneumonia vinda da China, eu que já trabalho há mais de 20 anos no setor da saúde, já vivi situações idênticas envolvendo desde gripe das aves, á gripe suína, ao ébola etc. etc., e quando ouvi as primeiras noticias só me lembrei do fiasco em torno do H5N1, em que se viveu uma autentica paranoia mas que não deu em nada, aliás nós homens depois de atravessarmos tantos problemas, a ultima coisa que imaginamos é que um vírus de uma família já bem conhecida seja responsável por um extermínio em massa… mas o covid19 veio provar que não podemos ter nada como garantido e que somos muito pequenos no que respeita á natureza, por mais ilusões que tenhamos somos muito básicos em termos de poderes.

               A doença em si como disse não me preocupou muito, mais ainda pelos números divulgados pela China, que todos sabemos que hoje são mera fantasia, o que me espantava era pelo facto de os números divulgados serem ínfimos perante tanta preocupação e fechar tudo em volta das zonas afetadas… primeiro cidades… depois países, mas a realidade é que só comecei a tomar atenção quando a doença evoluiu para a europa, não por cá viver e claro só quando nos chega a agua aos pés é que ficamos preocupados, mas na perspetiva de que algo de errado estava a acontecer em que os números de um país enorme como a China não correspondiam ao que estávamos a verificar em países como Itália, Espanha, França entre outros, em pouco tempo os números da China foram facilmente ultrapassados pelos países europeus, e foi no dia 11 de março que fiquei com a real noção da gravidade do problema quando verifiquei num site de estatísticas e olhei com olhos de ver para os números desse dia, que hoje são anedóticos mas que na altura me fizeram descer á terra, vi a estatística de Itália e da Espanha e vi o que aí vinha para Portugal, nesse dia lembro-me de ter chegado a casa com uma postura bem diferente da que tinha saído, pois vi que á frente dos meus olhos tudo o que poderíamos dar como garantido estava em causa, desde o emprego, á capacidade financeira até mesmo á vivencia do nosso dia a dia, tudo em causa, temi logo pelo emprego da minha mulher… mas também pelo meu pois com o implodir do emprego da minha mulher eu não poderia nem por nada adoecer ou me expor ao desconhecido que poderia estar em qualquer lado, é de referir que de inicio bastava alguém ser suspeito para todo o serviço encerrar por 15 dias e todos termos que ficar em quarentena.

              Como era de esperar a minha mulher a trabalhar no comercio, foi das primeiras a ter que encerrar os serviços obviamente que o estado de emergência entretanto decretado a isso obrigava mas também com o facto das pessoas terem-se confinado inicialmente também ajudou que com pouca ou nenhuma gente nas ruas manter os negócios abertos era desnecessário, como previra a nível económico imediato iria sentir problemas, com os dias de antecedência que previ o descalabro deu pelo menos para minorar os problemas e acertar estratégias, é de referir que no dia em que a minha mulher veio para casa, não se sabia de nada se haveria layoff nem tão pouco o apoio dos pais aos filhos na escola em casa até 12 anos, tive maioritariamente que contar apenas com o meu ordenado ao fim do mês, e sempre com a consciência de que não poderia adoecer nem por nada sob pretexto algum aí sim poderia ter que enfrentar dificuldades económicas, o que felizmente não aconteceu.

              Devo confessar que foi muito difícil os primeiros dias de trabalho em contexto de pandemia e estado de emergência, o meu colega de trabalho adoeceu e tive que fazer todo o horário durante os 15 dias em que ele esteve de baixa… devo dizer que mentalmente se já andávamos aos papeis com toda a revolução que estava perante os nossos olhos, para mim mais isto foi ainda mais difícil, tive que adaptar hábitos e modos de trabalho que antes me passavam ao lado, mas que passaram a ser obrigatórios, evitar contacto pessoal e fazer com que as pessoas permanecessem o menor tempo possível no local que obviamente haveria imensos riscos de contaminação, não foi fácil, os primeiros dias foram bem complicados, é verdade com o passar dos dias e a aquisição de novos hábitos reparei que estava mais preparado para lidar com as coisas do que os que estavam em casa, mesmo mais informados tinham um receio que para mim já era normalidade… aliás aqui escrevi sobre isso com as varias realidades que ao longo dos tempos fui verificando, claro que a angustia em torno do que seria o futuro ao longo dos dias foi piorando, como a economia iria sobreviver, como sairíamos disto tudo, como poderiam vender a ideia de que isto tudo iria passar apenas no mês e meio que houve confinamento e que como todos sabemos era mentira ainda hoje não sabemos quando isto irá passar, tudo duvidas que todos tínhamos e continuamos ainda a ter.

             Neste memento encontro-me em gozo de ferias e devo dizer que me sentia completamente desgastado pois ainda não tinha parado, escolhi uma casa de campo para passar uma semana em completo confinamento, apenas saindo para passeios com a minha mulher mas sem contactos pessoais extra família, e fui 2 vezes a uma praia fluvial mas sempre em pleno distanciamento social, confesso que estava nos limites de cansaço nos dias antes das ferias, estava completamente arrasado, hoje já ultrapassei muito do medo inicial relativamente á doença, tenho sempre a consciência de que se tivermos cuidados básicos de higienização e distanciamento social corremos menos riscos de nós próprios também sermos contaminados, e tenho a consciência de que isto não vai passar nos próximos tempos e que teremos que ir convivendo gradualmente com esta situação da melhor maneira possível, esta pandemia veio-nos mostrar que não estamos a cima de nada e que uma coisa invisível pode colocar tudo em causa em poucos tempos sem que as pessoas possam fazer o que quer que seja para contrariar ou seja, não controlamos nada, isto em pleno seculo XXI.

 

NAKED MAN

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