ESPECIAL
COVID19: A VISÃO DE QUEM VAI TRABALHAR EM TEMPOS DE ESTADO DE
EMERGENCIA
Ao contrario da maioria da
população que pode e deve estar em casa eu tenho que ir trabalhar como alguns
com profissões que não podem exerce-las sem ser no local de trabalho, no meu
caso na saúde estou como que nas trincheiras de uma guerra aos tiros a um
inimigo invisível e que se pode cruzar comigo a qualquer momento, sem que eu o
veja, obviamente , o meu nível de alerta é imensamente superior ao que sempre
vivi até hoje perante todas as doenças, não só por estarmos perante uma doença
desconhecida e sem tratamento possível mas sim, porque já todos percebemos que
a doença é de fácil contagio, e não residimos para sempre no nosso local de
trabalho, ou seja temos família que nos vamos cruzar á noite e que podemos os
contaminar, depois há o medo de nós próprios contrairmos a doença e de certo
modo parar um serviço que é essencial á população desse local, pois a norma
vigente é que se houver um contaminado no serviço todo o local terá que cumprir
uma quarentena obrigatória de 15 dias e fechará o local em questão por igual período
de tempo… o que digamos será imensamente prejudicial para as populações que
servimos, ou seja temos que ter mais do responsabilidade profissional também
responsabilidade pessoal para que tenhamos o mínimo de baixas possível de modo
a não afetar o serviço e não contaminarmos os nossos familiares acima de tudo
os mais velhos.
Portanto tenho-me que deslocar de
casa para o local de trabalho numa normalidade anormal, ou seja continuamos a
viver a nossa vida na rotina habitual, mas tudo em volta é diferente, desde
poucos que se cruzam contigo, a ver tudo fechado por onde passamos, ou mesmo inúmeras
filas espaçadas em locais como farmácias e supermercados… no nosso local de
trabalho também há inúmeras restrições ao normal funcionamento, ou seja na
teoria vivemos a nossa vida normal mas tudo em nossa volta é novo e diferente,
nos nossos gestos já se começa a notar diferenças enormes seja no cumprimento
de pessoas ou mesmo colegas, até mesmo nas refeições as coisas não se processam
da mesma forma comemos espaçados e poucos de cada vez, tudo em nossa volta é
estranho, no transito todos que circulam parecem o fazer numa aparente monotonia
e tristeza, tudo se processa de uma forma estranha, não há transito, no geral todos
parecem andar tristes.
Diferente é ver a casa cheia quando chegamos a
casa do trabalho pois tenho o filho e a mulher em casa que está com o emprego
encerrado e o filho sem escola há mais de 2 semanas… as ferias da pascoa nem
parecem ferias mas mais uns dias iguais aos anteriores… e provavelmente nem
haverá novamente escola neste ano letivo… a vida está parada embora alguns
tenham que ir trabalhar, mas também há quem seja idiota e ande por aí como se
de ferias se tratassem, como se um governo mandasse toda a gente para casa
apenas porque sim ou pelo bem do ambiente, vejo ainda gente demais nas ruas a
gozar o “prato” e com quem trabalha neste aspeto principalmente os idosos os
grandes prejudicados em caso de infeção que andam na rua como se não houvesse
amanha, quem trabalha arrisca a vida talvez querendo estar em casa mas não
podem, os que podem estão-se a cagar para o que lhes dizem, e vai assim a vida
continuando de uma maneira estranha até quando não sei, este é apenas o meu
testemunho de quem anda por aí apenas porque tem que trabalhar e manter o local
de trabalho aberto.
NAKED
MAN
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