O NEGOCIO
Cada vez que ouço alguém falar
acerca dos ricos de Portugal ou no mundo vem-me logo uma certa vontade de rir,
não porque o assunto seja cómico mas porque o sentido de ingenuidade de muita
gente transvasa para o cómico salientando o caso português cada vez que se fala
em ricos vem logo á memoria nomes de Alexandre Soares dos Santos, Belmiro de Azevedo,
a família Mello… a família Espirito Santo (estes na falência atualmente e hoje
se calhar muitos já se aperceberam de onde vinha grande parte da riqueza dos
mesmos) e por falar nesta ultima família venho por este meio desmistificar a
ideia de que os ricos apenas são ricos porque exploram as classes mais baixas…
se em principio até poderia ter alguma logica nada de mais errado.
Passemos a explicar, bem o
negocio de alta finança é complexo, uma vez ouvi uma entrevista ao Eng.º
Belmiro de Azevedo em que se perguntava quanto é que ele teria na conta do
banco esta pergunta feita em genro de brincadeira foi respondida de uma forma
seca e simples “olhe se quer que lhe diga não sei, provavelmente terei mesmo a
conta em negativo”, á primeira vista isto seria entendido como uma enorme
mentira mas as coisas ao longo do tempo vieram provar de que se calhar aquilo
que o mesmo tinha dito talvez tivesse um pouco de sinceridade como? Simples.
Com a crise económica que vivemos
desde meados de 2008, muita coisa veio-se a perceber como é que o negócio da
alta finança funciona, muitos dos “ricos” que vemos seja nas revistas cor-de-rosa
fosse em outros meios de comunicação social não eram assim tão ricos como se
deveria supor, muitos só aparentavam um enorme império porque havia quem lhes
emprestasse dinheiro para o fazer… resumindo todo o império que era aparentado
na realidade não era um único tostão do bolso do dito rico… era tudo ilusório,
como é que o negócio funcionava? Simples, o mesmo investia na bolsa e som um
pouco de sorte lá ia vendo a sua fortuna subir á custa das oscilações
bolsistas… até que a crise veio colocar a nu estes investimentos com as bolsas
a desvalorizarem brutalmente e estes ricos instantâneos serem desmascarados
pois o património que tinham era apenas ilusório… se querem saber mais um pouco
acerca deste assunto aconselho a verem o documentário “INSIDE JOB”, mas
continuando enquanto toda a gente cai em cima de gente que investe em algo
palpável como a família Soares dos Santos, ou Belmiro de Azevedo (no caso português)
e passam a vida a criticar a exploração ou suposta exploração que os mesmos
fazem aos trabalhadores para serem ainda mais ricos eram os mesmos que ficavam
fascinados com a vida de luxo de muitas figuras que faziam a vida na base da
especulação imobiliária e bolsista e que no fundo eram os grandes causadores da
crise que se gerou entretanto.
Mas no fundo que é o culpado pela base do
negocio? Surpreenda-se meu caro, é você e eu, que depositamos o nosso (pouco)
dinheiro, é que do pouco se faz muito, e no seu conjunto cada depositante é o responsável
pelo funcionar da enorme maquina que é a economia, é que á conta do dinheiro dos
depósitos os bancos “vendem” esse dinheiro a outros, por um lado pagando uma
pequena parte dessa venda aos depositantes através dos juros sempre baixos
obviamente, mas que para os depositantes cria-se a ilusão de obterem deste modo
rendimentos, e os bancos sem praticamente nenhum esforço obtêm um maior
proveito, é que sem investirem um cêntimo obtêm lucros elevados através dos
juros cobrados pelos empréstimos.
Se tem duvidas podia apenas
imaginar um cenário surreal mas possível de todos os depositantes levantarem
imediatamente todo o dinheiro dos bancos… em poucos segundos todos os bancos
faliriam a não ser que estivessem sob comando de um governo, mas nesse casa
seriam os contribuintes a colocar o dinheiro necessário, e porque todos os
bancos entrariam em falência? Muito simples porque nenhum banco possui nem
metade do capital investido pelos depositantes nos seus cofres, ou seja nenhum
banco possui recursos físicos para pagar o dinheiro depositado como o nome
indica um depósito é uma guarda, mas para os bancos não estão a guardar o
dinheiro dos depositantes mas a ganhar dinheiro com o dinheiro supostamente
guardado dos depositantes, sim você e eu somos os responsáveis indiretos, é que
com os seus 20 euros e com os meus já fazem 40 euros imagine milhares de 20
euros depositados? É muito dinheiro que roda, o pior é quando é entregue a
gente sem escrúpulos e foi exatamente esse o problema no rebentar da crise, os
bancos na obtenção de supostos lucros fantásticos emprestavam dinheiro sem
praticamente obterem garantias desses mesmos empréstimos e o resultado está á
vista muita gente nunca poderia obter os empréstimos que obtiveram dado que não
tinham nada, e de um momento para o outro viram-se milionários, sem esforço, e
pior muitos ganharam muito dinheiro com este negócio como? Muito simples.
Imaginemos um construtor civil sem recursos económicos,
imaginemos que obtém um avultado empréstimo para construir um empreendimento,
sem dar um tostão do seu bolso, o construtor obtém financiamento para construir
o empreendimento e constrói, no final o objetivo é vender esse empreendimento
em fração ou seja em casas… a quem? Sim é verdade a si e a mim que para comprar
a dita casa no empreendimento teremos que ir ao banco pedir um empréstimo que
nos é fornecido isto mesmo apesar de termos dinheiro lá depositado, ou seja o
banco revende-nos o dinheiro que lhe demos para guardar a juros muito
superiores ao que beneficiamos, e pagamos o dinheiro do empréstimo ao
construtor pela casa… e que o mesmo irá pagar ao banco na forma de capital
investido e nos respectivos juros, agora pergunto, quem ganha verdadeiramente
com isto? No fundo todos, mas quem ganha verdadeiramente com o negocio foi o
construtor, sem investir um cêntimo, obteve um empréstimo, fez o empreendimento
e obteve lucro com a diferença entre o capital obtido mais os respectivos juros
e a venda posterior em frações do empreendimento, e com isto mesmo num cenário de
que o mesmo pagou ordenados e impostos, o lucro gerado foi a custo zero… o
banco esse também ganhou com o negocio empresta ao construtor e obtém lucros
com esse empréstimo á conta dos depósitos dos clientes, e esses mesmos clientes
ainda lhes vêm bater á porta para lhes pedir um empréstimo para comprar a casa
que o construtor está a vender, ou seja o banco com o investimento inicial
ganha 2 vezes uma com o empréstimo para a construção do empreendimento e outra
com o empréstimo ao cliente pela compra de uma casa nesse mesmo empreendimento…
o cliente também lucra, no seu imaginário compra uma casa de sonho que nunca
conseguiria comprar se não fosse o empréstimo do banco… confuso não?
Pode parecer confuso mas se
pensarmos bem, o cenário não é assim tão complexo, este meu exemplo é apenas o
mais inocente do que se passou nesta crise, há obviamente cenários muito mais
complexos principalmente envolvendo bolsas e fundos, mas nesse caso nem eu sei
bem exemplificar até onde se pode ir, o que apenas posso dizer é que as pessoas
falam apenas no obvio sem perceber bem a sua causa, é fácil apontar o dendo a
pessoas importantes e supostamente ricas mas sem retirar responsabilidade a
essas mesmas pessoas tenho a dizer o seguinte por muito culpados que os
Belmiros e Soares dos Santos sejam, esses pelo menos com os benefícios que têm também
fazem muitos ganharem com isso ou seja os empregados, podem pagar pouco mas
criam emprego, o mais grave é aqueles que obtêm todos os benefícios da banca e
que depois investem na bolsa e noutros fundos de origem duvidosa já para não
falar daqueles que investem numa vida de luxo e que você e eu acaba por admirar
quando compramos a revista “Caras” ou a “Holla”, sim meus caros muitos daqueles
que aparecem nas revistas têm menos dinheiro do que você e eu no banco mas que
vive á grande á conta do mesmo banco que lhe empresta esse mesmo dinheiro, na
teoria estamos perante um milionário mas na pratica esse milionário vive á
conta do dinheiro que você depositou no banco, é complicado este negocio não é?
NAKED
MAN
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