Em Portugal e principalmente após a adesão á CEE, optou-se muito pela chamada politica do "betão", tudo em pouco tempo foi construído, auto-estradas para passarem meia dúzia de carros por dia, piscinas municipais para freguesias de 50 habitantes, rotundas para estradas desertas ornamentadas com obras de arte de gosto por vezes inqualificável, entre todo o tipo de infraestruturas de tudo um pouco foi construído em Portugal, na mente dos políticos portugueses a ideia de apresentar trabalho é sinonimo de construir e apresentar obra feita, mesmo na crise actual e perante câmaras municipais falidas essa ideia ainda perdura entre quem manda.
Mas perante a crise financeira e os parcos recursos existentes, o ritmo de obra realizada diminuiu drasticamente, por um lado felizmente, pois o fluxo de infraestruturas construídas para o uso que lhes era dado estava a ficar cada vez mais escandaloso, e claro hoje muitos desses erros estão á vista pois agora temos mais noção do que as obras custam pois é aos impostos que esse dinheiro actualmente está a ser tirado, e cada vez mais os portugueses têm noção que tudo o que o estado constrói é pago com o dinheiro dos contribuintes, mesmo que não seja logo pedem emprestado e agora a factura chegou.
Mas enquanto os autarcas e governantes se entretinham na sua megalomania construtiva, muito do que já existe actualmente não foi mantido nem requalificado, hoje assistimos a monumentos históricos a necessitarem de obras urgentes e não há dinheiro para as fazer, hoje vemos infraestruturas a precisar de obras e vemos que o seu estado de manutenção é cada vez pior, e isso sim é extremamente grave.
Na vertente dos monumentos históricos acho de uma gravidade enorme, temos edifícios, palácios, mosteiros, palacetes a caírem de podres, e não haver dinheiro para os recuperar é de bradar aos céus, o país arrisca-se a perder material histórico de valor incalculável e irrecuperável porque não tem dinheiro para os recuperar, somos um país riquíssimo a nível histórico que deveríamos explorar ao máximo perante o mundo e que constantemente ignoramos essa via, que nos arriscamos a perder pois muitos monumentos mais dia menos dia vão cair de podre, ou estão em riscos de cair portanto estão encerrados por motivos de segurança.
Acho engraçado a criação todos os dias de movimentos e haver por aí defensores das mais variadas causas que apesar de todos os dias passarem por monumentos em ruínas ou outro tipo de infraestrutura histórica em degradação mas não vejo ninguém a importar-se com o assunto, tenho a certeza que depois de cair, aparecem sempre oportunistas a dizer o obvio ou seja depois de casa roubada trancas na porta.
No meio disto tudo os governantes ainda não encaixaram que é na requalificação é que está a chave da rentabilidade, em vez de gastarem milhões em novas infraestruturas porque não gastam o mesmo dinheiro a requalificar e recuperar as já existentes? Criavam-se empregos com a reconstrução e manutenção e depois também se criariam empregos com a exploração do espaço, alem de promoverem o turismo com muito mais alternativas do que praia e golfe, é pena que ninguém dê valor a este verdadeiro caminho alternativo, para o relançamento da economia, preferindo o supérfluo ao rentável.
NAKED MAN
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