ARRENDAMENTOS
A recente revisão da lei das rendas, veio provocar um certo caos e preocupação a muito inquilino que actualmente são beneficiados por pagamentos de valores mensais que rondam o escandaloso para os tempos actuais, mas que actualmente toda a especulação em torno deste assunto veio provocar a confusão e mesmo algum desespero aos inquilinos muitos deles idosos e com fracos rendimentos, mas temos que reflectir bem acerca deste assunto para que se possa perceber bem o que de facto se passa.
Em primeiro lugar temos que pensar nos senhorios, não podemos pensar que só os inquilinos são vitimas, os senhorios também, não é que seja defensor da classe nem tenho nada arrendado em minha posse, mas para vermos uma parte temos que ver outra, e a outra é o seguinte, o senhorio tem na sua posse um activo, que durante anos envelhece portanto perdendo valor comercial, é um activo que é mal remunerado pois as rendas antigas não foram actualizadas frente ao nível de vida e a inflação e que não sabe em vida se algum dia vai beneficiar desse activo que oficialmente possui pois há muitos casos que conheço que os senhorios são bem mais velhos do que os inquilinos, só por aí temos que pensar se de facto vale a pena ter um activo nestas condições? Depois temos que ter presente que perante as finanças o senhorio é possuidor de valor imobiliário que na realidade provavelmente nunca irá beneficiar na vida, mas perante as finanças o senhorio é o detentor de todos os activos imobiliários, tenha-os ou não activamente na sua vida e na hora de pagar os impostos tem de pagar como se fosse seu, sim e paga consoante as avaliações que as finanças lhe fizeram á casa, e desde o ano de 2012 todas as casas ou grande parte delas foram reavaliadas pelas finanças, ou seja em muitos casos o imposto municipal sobre imóveis que todos os proprietários têm que pagar é muito superior ao que recebem de rendas, muitos senhorios com as casas que têm arrendadas nestas condições os activos imobiliários que possuem tornam-se mais em activos tóxicos do que activos reais, tendo ainda mais um contra não podem vender nem sequer despejar o inquilino pois há imensas protecções aos mesmos.
Depois temos que ver a parte dos inquilinos, actualmente, muitos deles são idosos e doentes de facto o nível económico não é bom para estes, mas temos que ter em atenção que tiveram uma vida útil inteira para amealhar o que beneficiaram ou seja, durante quase uma vida útil de trabalho pagaram valores por uma casa que consideraram sua (sem o ser na realidade) irreais frente a muitos outros que para adquirirem uma casa pagaram aos bancos valores, 20 a 30 vezes mais e que ainda para mais pagam todos os impostos ao estado e ainda qualquer tipo de percalço que têm com a casa, bem como seguros e outras despesas, os inquilinos se não pouparam durante a vida útil é obvio que nos dias actuais não tenham possibilidade de o fazer pois a reforma é baixa e a saúde de muitos não lhes permite poderem trabalhar, portanto hoje estão reféns economicamente desta mudança da lei, mas temos que ter em memoria que estas pessoas vivem em casas de 3 ou mais assoalhadas por valores mensais a atingirem um máximo de 50 euros, ou seja pagam valores irrisórios por casas que no mercado de arrendamento actual ascenderia sem qualquer problema para valores no mínimo de 400 euros, portanto esta revisão da lei das rendas vem de certeza mudar o panorama do arrendamento em Portugal, mas tem que haver um pouco de bom senso tanto da parte do senhorio bem como por parte do inquilino.
Por parte do senhorio tem que entender a posição económica do inquilino, por um lado tem que aumentar a renda pois os impostos também aumentaram, e possuir um bem que em vez de lucro vai acarretar prejuízo não cabe na cabeça de ninguém, mas também tem que perceber que o inquilino actualmente não possui o mesmo nível de vida que tinha quando trabalhava, é certo que em alguns casos vai haver exageros por parte dos senhorios, mas também temos que perceber que em muitos casos houve durante muitos anos um exagero por parte dos inquilinos, sim porque beneficiaram durante quase toda a vida com um activo que não possui mas que sempre o fez como se fosse, pagando um valor irrisório, actualmente vivem em casas sobredimensionadas para a vida que têm e continuam a pagar valores simbólicos, e em muitos casos que conheço, estes inquilinos a sua grande maioria têm casas na terrinha pagas á conta do dinheiro que pouparam durante a vida, ou seja estes inquilinos na realidade ocupam casas actualmente apenas porque pagam uma renda irrisória, pois muitos que conheço já me confidencializaram que vão para as suas casas mal a renda aumente nem que seja 50 euros, acho que sobre este aspecto não há comentários a fazer.
Portanto nesta historia não sei qual é a vitima ou o vilão, é certo que há casos extremos e se não imperar o bom senso vai haver algumas tragedias familiares, mas também temos que ter em mente que muitos desses que viverão esse problema tiveram uma oportunidade que quase todos actualmente nem em sonhos podem ambicionar e têm que lutar diariamente para poderem sobreviver com um mínimo de dignidade, portanto devemos primeiro ver as duas faces da historia para podermos falar é que actualmente nas noticias os inquilinos são apenas retratados como vitimas e os senhorios como vilões e a historia se calhar não é assim tão simples.
NAKED MAN
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