O CONTAMINANTE ESTRANHO

TERCEIRO PILOTO DE UMA EQUIPA SÓ DE DOIS

                        Este termo é muito utilizado na gíria do desporto automóvel, que significa que normalmente um piloto que está na equipa e que tem o lugar de piloto de testes nunca será piloto titular por muito bom que seja na função, e por muitos sonhos e ambição que tenha acaba por ser sempre preterido, na hora de se escolher um piloto titular para a equipa principal, que tem obviamente dois pilotos titulares e são os pilotos que sempre aparecem nas corridas o terceiro piloto apenas serve para os substituir em caso um dos pilotos titulares se aleije no fim de semana das corridas e basicamente a função principal do terceiro piloto é testar e evoluir o carro ao longo da época.

                         No meio automobilístico como na vida este fenómeno ocorre mais vezes do que se imagina, quantas vezes temos a noção que temos valor para ocupar um cargo, estar em determinada posição ou estar ao lado de determinada pessoa,  somos até reconhecidos por ter valor para isso mas na hora H acabamos sempre relegados para 2º plano, acabando sempre por nos arrastarmos pela “pista” com a vitoria moral mas com outro no lugar que ambicionávamos ou na posição que desejávamos ocupar.

                        Dou por mim muitas vezes a pensar neste pormenor, é curioso mas o ser humano insiste constantemente no erro, vive ou gosta de viver na ilusão, a vida faz-me lembrar o parábola do cavalo e da cenoura, o cavalo ao ver a cenoura presa ao cordel lançada pelo condutor da charrete, lança-se desenfreadamente em sua direcção no intuito de a apanhar e comer, desconhecendo que todo o seu esforço não passa de inglório pois alem de nunca a apanhar e comer, por ser impossível lá chegar apesar de a mesma estar no seu campo visual, está a ir ao encontro do intuito do condutor da charrete ou seja puxar a mesma e transporta-lo para onde deseja, é um circulo vicioso e normalmente nunca vantajoso para o cavalo obviamente.

                         A vida tem destas coisas, e dá muitas voltas é normal errar ou não tomar as melhores decisões, mas acaba-se muitas vezes por se insistir teimosamente no erro mesmo vendo que não é esse caminho mas essa fatalidade ocorre tanto para quem erra como para quem “paga” pelo erro, ou seja como na gíria automobilística tanto erra o director da equipa como o piloto de testes, ou seja tanto erra o director pois nunca olha para o piloto de testes como um elemento viável ou valido para ocupar o lugar de titular, muitas vezes sendo a melhor opção possível para levar o carro ás vitorias pois é o elemento da equipa que melhor conhece o carro e o pode evoluir mais, como o piloto de testes que continua sempre na equipa na esperança e na ilusão de um dia ser reconhecido o seu verdadeiro valor ou o valor que ele próprio julga ter para ser a estrela da equipa titular, portanto há um constante mal entendido entre as partes que ocorre sempre que estes episódios aparecem ao longo da vida.

                         Na vida como no desporto é tudo uma questão de sorte e principalmente de oportunidade, é fácil falar ou escrever mais a frio e ter-se opiniões estando por fora da historia, mas acaba-se sempre na hora H por se cometer e insistir na mesma no erro e obviamente tendo a noção que se caminha para o abismo, nunca ninguém se vai lembrar que, ou se entra logo como “piloto” titular, ou acaba a carreira como piloto de testes e nunca sairá da mesma posição, por mais competente que o “piloto” demonstre a toda a gente ao longo da carreira o seu potencial, á vista da equipa não passa do “piloto de testes” que apenas vai fazendo o trabalho de retaguarda, por vezes imprescindível e fundamental ao funcionamento da equipa e do “carro”, mas nunca visível ao grande publico, quando vemos o “piloto” titular ganhar uma corrida nunca vamos pensar naquele que desenvolveu o carro ou ajudou a desenvolve-lo e que o resultado da vitoria do piloto titular é devido em grande parte há importância do trabalho desenvolvido na retaguarda pelo piloto de testes, é engraçado mas na vida real as coisas processam-se exactamente da mesma forma e de uma maneira quase igual, é curioso não é?

                           Portanto como já pensei pelos mais variados exemplos que vou presenciando, este circulo vicioso continua constantemente a ocorrer na vida das pessoas, as pessoas correm sempre atrás da ilusão isto quando matematicamente as hipóteses de sucesso são pura e simplesmente inexistentes é que na vida ou se consegue a oportunidade de se ocupar logo o lugar o passasse a vida atrás de uma coisa que dificilmente irá acontecer, e isto apesar das expectativas criadas em torno do assunto seja por quem acredita que um dia vai conseguir bem como por quem de um modo qualquer possibilita que se continue a ter essa esperança, e até mesmo pode ocorrer que mesmo sem esperança continua a insistir na ideia de que um dia vai haver esperança ou que um dia poderá vir a ter alguma esperança… estes casos ainda são mais graves, mas ocorrem, podem ter a certeza disso, portanto não há mesmo volta a dar, a emoção vence sempre a razão e continuará sempre a vencer, disso nunca ninguém duvide… já alguma vez pensaram nisso?

NAKED MAN