O CONTAMINANTE ESTRANHO

ESPAÇO PARA TROCA DE IDEIAS E OPINIÕES COM O INTUITO DE LIMPAR TODO O TIPO DE CONTAMINANTES EXISTENTES NAS NOSSAS MENTES

segunda-feira, 16 de julho de 2012

TAXAS MODERADORAS



                           Devido ao meu filho que mais uma vez adoeceu, tive que ir a uma urgência a um hospital distrital, qual não é o meu espanto que ao chegar ao ver a sala de espera da urgência de adultos vi pela primeira vez uma urgência vazia ou seja talvez 4 pessoas sentadas onde normalmente se encontravam 50 a 60 pessoas quando não mais, fiquei estupefacto com a situação que presenciava.
                           Ao contrario da urgência de adultos a urgência pediátrica encontrava-se mais uma vez á “pinha”, é normal as crianças adoecerem mais facilmente talvez será a explicação que venha logo em primeiro lugar á cabeça das pessoas, mas após ter que ficar á espera e começar a reflectir acerca do que estava a ver, cheguei á conclusão que a verdadeira razão está mais patente do que se poderia pensar, a verdadeira razão foi o aumento das taxas moderadoras e principalmente o fim das isenções para imensos utentes do serviço nacional de saúde.
                            Eu não sou a favor de um aumento destes pois hoje as taxas moderadoras estão a um valor que para muita gente que não se encontram isentos mas que estão no borderline entre a isenção e não isenção como por exemplo uma pessoa que tenha rendimentos de 629 euros fica sem isenção ao passo que uma pessoa que tenha rendimentos de 627 euros fica isento, mas para o que ganha acima dos 628 euros pagar 20 euros numa urgência mais os tratamentos que execute bem como os medicamentos que acabe por ter de comprar vai pesar e muito no orçamento mensal dessa pessoa pois apenas ganha 2 euros acima do individuo que está isento, portanto á luz do estado é rico ao passo que o que ganha menos 2 euros passa a pobre, logo aí há como é obvio uma enorme injustiça.
                            No entanto o conceito de isenção provocou um sentimento de incompreensão e irracionalidade dos recursos disponíveis, e passou-se a usar os meios médicos de uma forma irracional e injustificada, ia-se ao medico varias vezes por semana ou porque se esquecia de pedir um medicamento ou porque doía o dente, ia-se á urgência do hospital pois não apetecia ir para o centro de saúde, apenas por não pagar as taxas e exames passava-se o tempo a caminho dos centros médicos, hoje a realidade é bem diferente, quem perdeu a isenção pagar 5 euros no centro de saúde é muito pagar 20 euros numa urgência hospitalar é imenso portanto passa a racionar a sua vida pois quem não pagava não tinha a noção da realidade e principalmente de respeito por quem sempre pagou, agora que muitos passaram a estar também nessa posição, já têm mais cuidado no momento em que pensam em recorrer a serviços médicos, neste aspecto particular a medida do aumento das taxas moderadoras foi a melhor coisa que aconteceu, deixou de haver um sentimento de impunidade pelo uso de recursos injustificadamente.
                               Como pude constatar só a urgência de adultos encontrava-se vazia a urgência pediátrica estava cheia, facilmente se pode constatar que está cheia pois é exactamente a classe etária que está isenta portanto continua-se a viver como antigamente, usa-se e abusa-se dos recursos apenas porque é de “borla”, acredito que alguns estavam doentes de facto, mas vi pela primeira vez numa sala de espera meninos com pulseiras azuis no braço após a triagem, e imensos com pulseiras verdes, o que facilmente se constata que nem todos estavam numa aflição, o meu caso também foi pulseira verde pois a patologia não era de facto urgente mas devido a não haver mais nenhum serviço de urgência aberto, tive mesmo de me deslocar ao hospital, o meu filho tinha uma amigdalite e precisava de antibiótico portanto tive mesmo que me deslocar á urgência, mas como é obvio tive que esperar, mas os de pulseira azul esses ainda lá ficaram depois de eu sair ou seja já lá estavam antes de eu chegar esperaram algumas horas como eu e ainda lá ficaram, só posso justificar a situação pelo facto de terem ido apenas porque o serviço era de graça se tivessem pago 20 euros provavelmente teriam ficado em casa a ver o programa da tarde de qualquer televisão em vez de se terem deslocado ao hospital.
                              A urgência de adultos pelo contrario apenas iam sendo atendidos os doentes que iam chegando de ambulância, durante o tempo que permaneci á espera apenas uma pessoa foi-se inscrever vindo por próprio pé ou seja que não veio de ambulância, portanto resumindo por muito injusto que a atribuição de isenções seja de um modo geral veio reformar o conceito de urgência na cabeça de muita gente que não tinha noção sequer que teria que possuir, algumas pessoas foram penalizadas e talvez até por vezes passem por problemas financeiros para poderem ser vistos por um medico mas passaram a usar de uma forma mais racional os serviços de saúde disponíveis, este fenómeno que vi na urgência já tinha constatado nos serviços primários ou seja nos centros de saúde, ou seja uma menor afluência mas como verifiquei numa urgência hospitalar isso não nunca tinha imaginado, após tantas tentativas de reformar o serviço nacional de saúde e imensas campanhas de sensibilização que nunca surtiram efeito uma medida tão simples como foi o aumento das taxas moderadoras e a perda de muitas isenções em meses veio trazer resultados nunca antes visto, por vezes há males que vêm por bem.


NAKED MAN

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