COMO SENTIR O PULSO A UM PAÍS
Nestes últimos tempos dado alguma experiência de vida que tenho adquirido, dei por mim a pensar que há locais que nos colocam com uma noção mais clara da realidade que um país vive, um desses locais que estou a querer referir-me é num banco de urgência de qualquer hospital publico, lá encontramos de tudo um pouco é como se fosse uma amostra em miniatura de um país.
Lá encontramos os preguiçosos que apenas recorrem ao serviço para terem uma justificação para o trabalho por terem feito gazeta, os utentes da casa que recorrem ao serviço todos os dias pelos mais variados motivos e razões sem causa aparente, muitas vezes camuflando casos graves de abandono e solidão, lá temos também os agredidos seja domesticamente ou metidos em confusões, umas vezes acompanhados pela policia outras pelos bombeiros ou familiares mas sempre com uma historia por detrás do episodia que assistimos, que entre os outros utentes ou acompanhantes mete imensa curiosidade, lá se encontra e vai-se assistindo a um constante curropio de idosos, ali é o sitio principal onde se tem a noção que estatisticamente o país está a envelhecer, em cada 10 ambulâncias que entram 8 são com idosos então com o cair da noite é quase todas as ambulâncias com idosos, uns apenas sozinhos outros acompanhados por familiares, é aqui que reparamos que há um enorme abandono na 3ª idade, em vez de se construírem unidades de cuidados paliativos ou lares da 3ª idade dignos, reparamos que a realidade é bem diferente, os idosos são despejados literalmente para as urgências de hospitais tal como os judeus eram levados para os campos de concentração nazis, lá ficam num corredor abandonados muitas vezes pelas famílias principalmente nas férias há já artigos na comunicação social com investigações jornalísticas em que relatam este fenómeno cada vez mais usual, mas não temos noção da realidade a não ser que estejamos num banco de urgência hospitalar lá vemos com os nossos próprios olhos a realidade muitas vezes muito dura e inacreditável.
Nos bancos de urgência também vemos alguns sem abrigo que aproveitando o facto de o serviço estar aberto de pernoitarem pelas salas de espera, este fenómeno apenas me apercebi depois de ir varias vezes em alturas diferentes á noite á urgência, onde lá via sempre as mesmas caras a dormir na cadeira, ao longo do tempo fui reparando que não eram utentes mas sem abrigo, nos bancos de urgência vemos também os verdadeiros doentes e os que recorrem ao serviço por um motivo mais sinistro desde, os famosos achaques depois de discussões familiares ou de outro tipo, as famosas gripes que bastariam ser curadas com o tempo e com antipiréticos mas que recorrem ao serviço de urgência por causa do ambicionado antibiótico que na realidade nada vai fazer á maleita que se padece mas que o médico lá vai acabar por passar para não ouvir mais o doente em questão, por esse mesmo motivo é na sala de espera reparamos que afinal os médicos estão todos do lado de fora dos gabinetes e não dentro do banco de urgência, entre conversas que vamos assistindo vamos ouvindo os mais diferentes tipos de diagnostico, quando grande parte destes utentes recorrem ao serviço de urgência já sabem o que têm e mais o que precisam para se curar, porreiro pena mas não podem prescrever, no entanto como de médicos e de loucos todos temos um pouco lá vamos passando a noite a ouvir o maior numero de alarvidades possíveis e pensar cá para nós porque afinal recorreram ao serviço de urgência se compravam uma caixa de aspirinas e fazia o mesmo efeito, mas para a cabeça de muitos só com antibiótico é que se curam, os portugueses sempre tiveram esta ideia na cabeça.
Nas salas de espera vai-se reparando em tudo desde o utente que quer ser isento a todo o custo ou que não pode pagar, mas que faz um verdadeiro espectáculo dramático no balcão de atendimento, até ás conversas de sala de espera seja entre utentes ou familiares, lá é o comentário politico no seu melhor, de facto os portugueses para debaterem os assuntos são uns mestres é como digo estou num país de comentadores, falam de tudo e sabem de tudo, de tudo e todos têm alguma coisa para criticar, mas olhando para eles vemos que não passam de uns Zés ninguém ou que nem sabem do que falam, mas lá se sabe das mais rocambolescas teorias politicas cá do burgo, ali sabemos de facto o que o povo sente, os partidos de esquerda deviam prestar mais atenção a este filão de massas que está por lapidar, é que nunca vi por lá políticos nem em tempo de eleições é curioso, ali é que está o verdadeiro pulso do país meus senhores.
Se não fazem ideia do que eu estou a falar, esperem por um momento mais negativo na vossa família em que tenham que se tornar “clientes” habituais deste tipo de serviço como me acontece a mim ou vão lá voluntariamente mas vejam com os vossos próprios olhos, e não é ir lá uma vez mas varias para terem bem a noção e perceberem o que de facto é um indicador do verdadeiro estado do país.
NAKED MAN
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