OS PUTOS DA MINHA RUA
Gosto de ver os putos da minha rua a brincar, fazem-me lembrar também os meus tempos de puto, falo nomeadamente do facto de andarem pela rua… de brincarem livremente entre eles, não condicionados ás suas casas e aos seus quartos já para não se falar dos parques infantis nas cidades, que á falta de liberdade são os únicos locais em que os pais de hoje deixam os seus filhos brincarem com liberdade… Isto fechados dentro do parque claro.
Mas os putos da minha rua não, eles brincam na rua, jogam á bola, andam de bicicleta, jogam á apanhada e ás escondidas tudo em plena rua, controlados á distancia por alguns pais mas lá estão eles em plena liberdade a brincar á moda antiga, temo que isto que presencio seja um caso já em vias de extinção cada vez mais reparo que os pais de hoje limitam ao máximo os movimentos dos filhos… pais esses que na maioria dos casos brincaram como eu brinquei e hoje vejo em frente á minha casa.
Não percebo o porque a tanta limitação, os tempos são complicados? Sim mas já me lembrava dos mesmos avisos e dos mesmos medos no tempo dos meus avós e pais, é que na minha infância já as coisas tinham mudado… pelo menos á vista deles… como hoje olhamos para as mudanças dos tempos em relação aos nossos filhos, a minha opinião é que talvez hoje em dia se esteja a colocar alguma paranóia já para não falar em exagero por parte de muitos pais, no presente acho que se protege demasiado as crianças, juro que temo pela geração dos putos de hoje no mundo de amanhã.
Tudo começa mal nascem, nunca se contraria uma criança e tenta-se dar tudo para que ela fique o mais calma possível… o importante é que não chateie, segue-se a entrada no mundo escolar todos os dias os pais vão entregar a criancinha á escola de carro, e a seguir busca-la, incluindo para almoçar… esqueçam aquela coisa maravilhosa dos meus tempos de infância que eram meia dúzia de putos a irem para a escola a pé, á medida que a criança cresce dá-se tudo o que o menino pedir principalmente se tiver boas notas… se tiver más dá-se na mesma pois o miúdo não pode ficar com o sindroma depressivo pois o psicólogo não aconselha… dá-se as consolas e os jogos da moda interessa é o jovem estar entretido em casa pois lá fora há um mundo infernal onde pairam meia centena de perigos… estuda até mais não financiados pelos pais… tenham ou não resultados, pois o importante é ter um curso superior mesmo que o curso em que o jovem estude seja o curso com menos possibilidades do mundo no meio laboral… interessa é que o jovem tenha um curso superior e um canudo na mão… isto claro os pais trabalham ao máximo e dão sem pestanejar tudo aos filhos sem nunca imporem um limite… moral da historia o jovem chega á idade adulta e nunca levou um não na cara… isto claro até ao dia em que vão tentar entrar no mercado laboral… aí começa uma nova vida… vida essa desconhecida e pensem bem por alguma culpa do demasiado proteccionismo dos pais. A tentativa de protecção pode ter um efeito inverso ao do inicialmente esperado.
Claro que elevei a fasquia ao argumento do filme que acabei de mencionar, mas na realidade temo por essa geração que hoje está a nascer e alguns já estão a estudar, os miúdos são demasiadamente protegidos, quantos miúdos vêm a brincar nas ruas como antigamente, tirando as actividades que cada um pratique, a grande maioria dos miúdos de hoje estão confinados ás suas casas e quartos é a geração playstation, são fenomenais nos jogos com enorme desembaraço a jogar… mas experimentem a entregar a um miúdo desses 4 rodas e um arame e vejam a reacção? Ou uma caixa e um arame? É como colocar botinhas de bebe nos pés de um gato… experimentem. Tudo isto para tentar dizer que no meu tempo de puto tinha que inventar mais os meus amigos brincadeiras para passar o tempo uma consola de jogos era uma miragem, agora percebem porque fico feliz quando vejo os putos a brincar na minha rua a brincar fico contente?
No meu tempo de puto fazíamos patifarias, jogávamos á bola, ficávamos até tarde a conversar na rua nas férias de verão, íamos para a escola a pé ou de autocarro com os nossos colegas, dávamos voltas de bicicleta sozinhos e sempre em total liberdade, brincávamos em parques infantis sem protecções e ainda estamos cá vivos não é verdade?
Brincar na rua, tirando em bairros problemáticos, aprende-se muito, primeiro há a noção de liberdade, interligação com os amigos por vezes até se chegando a vias de facto mas faz parte da aprendizagem, aprendemos a viver em sociedade com uns a destacarem-se em detrimento de outros, com uns a levarem uns “calduços”…. Até isso hoje já tem nome BULLING… o que antes era gozar agora é este nome em inglês e meus caros se antes gozávamos uns com os outros e nada acontecia tínhamos que aprender a viver com isso hoje é um cabo dos trabalhos seja para pais ou mesmo os intervenientes, um jovem não consegue viver com o confronto… tem que ser protegido é como se fosse uma planta muito sensível, pena essa sensibilidade ser colocada á prova na idade adulta pois o mundo não terá protecção para lhes oferecer, na idade adulta é cada um por si e só vence os melhores ou melhor os que conseguem melhor adaptar-se ás condições impostas pela sociedade, estarão os nossos filhos preparados para isso?
Continuo a dizer que adoro ver os putos a brincar na minha rua.
NAKED MAN
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