CLASSES DE PORTAGEM
Como em tudo na vida nada é certo, por
vezes basta um pequeno pormenor para que tudo mude, ou que um interesse
superior se sobreponha por exemplo para que uma medida seja alterada “á medida”
desse mesmo interesse, as classes de portagem é bem disso um exemplo, no inicio
da entrada no mercado de trabalho fui colaborador da Brisa e fui portageiro, e
só aí percebi a razão das classes de portagem, se as classes 3 e 4 eram bem fáceis
de explicar dado que é sobre a quantidade de eixos que um veiculo possui, e
claro quantos mais eixos mais desgaste que os mesmos provocam no caso a classe
3 são de veículos de classe 2 com 3 eixos e a classe 4 para veículos de classe
2 com 4 ou mais eixos, e digo de classe 2 pois posso estar a ser confuso mas
para quem não sabe todos os veículos de classe 1 são sempre classe 1
independentemente dos eixos que tenham ou reboque que utilizem, a mudança de
classe é sempre sobre a classe 2.
Mas o que me deixou surpreso na
altura foi a forma em como era calculada a diferença da classe 1 para a classe
2 que basicamente era todo e qualquer veiculo que tivesse uma medida ente o eixo
da frente e o capô até 1,10 metros, ou seja abaixo disso era classe 1 acima
disso classe 2, ora na altura fiquei estupefacto com a forma de calculo, sempre
tinha imaginado que a diferença de classes era a diferença entre veiculo
ligeiro vs. pesado ou seja todos os veículos até 3,500 kg eram classe 1 acima
disso classe 2… pura ilusão, e uma enorme injustiça, em que ao desempenhar a
função de portageiro presenciei das enormes injustiças que eram praticadas, por
vezes o mesmo modelo havia diferenças de classes… apenas por ter um respirador
de intercooler no capô, existia isso no modelo Pajero da Mitsubishi, em que o
modelo sem intercooler pagava classe 1 e o modelo com o intercooler pagava
classe 2… sendo exatamente iguais em tudo exceto na entrada de ar sobre o capô
que fazia passar da medida do 1,10 metros, ora este tipo de injustiças são
aberrantes, e ao longo dos tempos em vez de assistirmos a mudanças reais na
tentativa de se corrigir o modo de calculo das classes de uma forma justa,
nunca se fez nada… apenas uma ligeira correção nuns modelos específicos que
após se venderem a alguns anos, e por serem fabricados em Portugal… lá se veio
com a ideia que afinal esses modelos eram classe 1, estou a falar dos monovolumes
produzidos em Portugal pela VW e Ford… mas essa mudança era apenas para quem
tivesse Via Verde… verdadeiramente fantástico, alem de arbitrário pois na
realidade era apenas uma medida para tapar os olhos de todos e fazer crer que
se estava a corrigir uma injustiça apenas fez com que o fosso das injustiças
ficasse maior, não só o modelo em questão era classe 1 como distinguia os proprietários
do modelo entre os que tinham Via Verde e os que não tinham… já para não falar
da discriminação que provocava nas outras marcas com modelos similares mas que
não eram produzidos em Portugal…
Mas como o modelo do monovolume
entretanto foi descontinuado o assunto foi caindo no esquecimento, até que mais
ultimamente os modelos no geral estão a ficar mais altos e veículos que na
normalidade seriam classe 1 sem a mínima duvida passaram para classe 2, apenas
por uma questão de cm, o que estava a colocar no mercado automóvel uma enorme
pressão, ou se criavam modelos exclusivos para Portugal ou os modelos em
questão passaria de recordistas de vendas na europa para vendas marginais em Portugal
devido á classe de portagem, quase todos os SUVs estavam a ser colocados na
classe 2 e alguns automóveis de passageiros também… até que chegou a vez dos veículos
comerciais, e basicamente num modelo que tinha sido atribuído a Portugal para
ser fabricado estou a falar do grupo PSA que iria produzir um comercial ligeiro
em Portugal que tinha uma altura de capô superior ao 1,10 mt logo caia-se na
situação caricata de o modelo ser produzido no país que não o iria comprar pois
o modelo apesar de ligeiro e normalíssimo… passaria a ser classe 2 enquanto
todos os concorrentes são classe 1… e pior este modelo será a grande arma da
Peugeot, Citroen e Opel para a classe de trabalho e que irá substituir os
modelos Partner, Berlingo e Combo, claro que depois de umas quantas ameaças ao
governo de que inclusive estes modelos passariam a ser produzidos noutro país
se nada fosse alterado, lá o governo veio mais uma vez criar uma lei á medida
desta situação e claro provocando mais umas quantas discriminações, primeiro as
classes irão mudar mas só para alguns, os veículos terão que ter um peso bruto
até 2.300 kgs, não terem mais de 1,30 mts de capô e cumprirem as leis
ambientais euro 6… ah e apenas para quem tem Via Verde… fantástico não é?
Como podem ver estas leis á
medida e discriminatórias violam tudo desde a lei da concorrência, á liberdade
de escolha, em vez de se criarem leis ou regras transparentes e justas , não
procede-se arbitrariamente e de uma forma tendenciosa e arrogante, fico estupefacto
em que um país como Portugal que se compara com a europa em tudo e mais alguma
coisa, que modifica as suas leis internas á medida das leis europeias nas classes
de portagem divergem e de que forma das medidas europeias, e a forma que
arranjam para resolver essas mesmas discrepâncias é criando medidas injustas,
arbitrarias e discriminatórias… é tão giro não é?
NAKED
MAN
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