O CONTAMINANTE ESTRANHO

ESPAÇO PARA TROCA DE IDEIAS E OPINIÕES COM O INTUITO DE LIMPAR TODO O TIPO DE CONTAMINANTES EXISTENTES NAS NOSSAS MENTES

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

SERÁ QUE VIVIAMOS ACIMA DAS POSSIBILIDADES?




                Por vezes dou comigo a pensar, em conversas que tenho com alguns amigos que têm ideias mais esquerdistas e que estão contra tudo e contra todos principalmente se forem governo… seja lá quem seja, e que se mostram muito incomodados com os comentários de muitos que dizem que vivemos acima das nossas possibilidades, e claro revoltam-se á mínima opinião contraria, mas como disse tenho pensado no assunto e tenho alguns pontos de vista que contraria em muito a opinião de alguns dos meus amigos ora vejamos.
                 Vou começar por exemplificar factos ocorridos á não muito tempo diria num espaço temporal de 25/30 anos, caso muitos ignorem eu lembro-me que á 30 anos se queríamos entrar num autocarro tínhamos que abrir a porta do mesmo pois não tinham sequer dispositivos automáticos, os transportes públicos na época e falo do anos de 1982 eram rudimentares, mas era o que havia na época até á 20 anos muitos autocarros que circulavam nas ruas eram praticamente desconfortáveis e rudimentares só á cerca de 20 anos para cá verificou-se algum melhoramento, primeiro através de autocarros importados antigos de outros países mas que para Portugal eram aparentados como novos á luz dos existentes e actualmente em que se verifica que muitos autocarros são já considerados de luxo, mas não se imagine que as pessoas reclamavam por andarem em tão más condições, não havia alternativa e ninguém conhecia outro tipo de transportes, sim porque uma família á 30 anos tinha poucos recursos para comprar viatura própria, os que a tinham ou compravam um carro em segunda mão e antigo ou era raro o que a podia comprar nova e quando o fazia era carros de gama baixa ou media baixa, poucos da chamada classe média tinham capacidade para comprar carros de marcas Premium, para dar um exemplo á cerca de 20 anos uma família em principio de vida apenas conseguia e tinha poder para adquirir uma viatura de gama utilitária, e mesma na grande maioria nem nova a podia comprar, era o mercado da segunda mão no seu melhor, mas era o que qualquer família podia fazer, não tinha capacidade financeira para mais, é de referir que um carro em 1989 de gama utilitária no acesso á gama custava nova 5000 euros (imaginam?), mas também o salário mínimo na altura era 149.6 euros ou seja muitos portugueses nem com um ano de trabalho conseguiam comprar um carro novo mesmo utilitário e o básico de acesso á gama.
                   Lembro-me de ser miúdo, e na zona onde eu morava apenas 2 habitantes tinham telefone fixo (um deles em casa dos meus pais), é verdade por volta do ano de 1986 praticamente ninguém tinha telefone em casa só começaram a ver-se telefones nas casas das pessoas apenas na década de 90 curiosamente a década da implementação do telemóvel em Portugal, mas como disse por volta dessas alturas a casa dos meus pais parecia em certos dias uma cabine telefónica, com familiares de vizinhos meus a telefonarem lá para casa e eu a ter que ir a casa de um e de outro para os chamar, até era porreiro na altura como muitos dos meus vizinhos tinham filhos da minha idade era brincadeira até mais tarde, mas apenas este exemplo serve para exemplificar que este episodio caricato não foi assim á tanto tempo, nos dias de hoje vejo pessoas normalíssimas com 2 ou mesmo 3 telemóveis, um de cada rede, para já não dizer alem de vários telemóveis ainda possuir um tablet, alem de que poucos tinham um computador pessoal em casa, Internet isso era ficção cientifica quem dispunha de Internet era considerado rico.
                 Lembro-me que no espaço temporal a que me refiro das pessoas não terem capacidade para comprar casa, pedirem emprestado a altos juros chegando na altura a 20% de juros, muitos casais tinham que arrendar, é que alem do acesso ao credito ser escasso e através de altíssimos juros ainda havia outro imponderável, não havia oferta a nível imobiliário ou seja não havia pura e simplesmente casas para comprar em algumas zonas, as que havia ou eram em 2ª mão ou muitos tinham que construir em terrenos familiares, a oferta não era nem de perto parecida com o boom que se verificou depois da década de 90 do século passado, hoje em dia há excesso de oferta mas há não muito tempo era o contrario que se verificava.
                  Lembro-me que muitas famílias á não muito tempo o local mais paradisíaco que ambicionavam para passar as suas férias era o Algarve, era ver famílias na época a irem com carros atafulhados de viveres e família, nacional abaixo a caminho do Algarve, com o passar dos tempos isso é apenas anedótico, muitos passaram a passar férias do Brasil para cima era raro encontrar alguém que não falasse das suas férias fora do país, e até havia uma sertã rivalidade entre muitos a disputarem o local mais exótico onde tinham passado férias, mesmo os que actualmente vão ao Algarve iam para hotéis ou similares, os carros atafulhados é coisa do passado, mas curiosamente esse passado é apenas efémero, estamos a falar de apenas um salto de uma geração ou seja 25 anos de diferença.
                 E ainda me lembro de um caso ainda mais caricato com as idas á praia, há cerca de 30 anos na praia mais perto da minha zona de residência o meio de transporte mais popular eram uns tractorzinhos com a família toda no reboque a caminho da praia, o caminho para quem ia de carro demorava imenso pois tinha-se que ultrapassar a “coluna tractoral”, e não há muito mais de 2 décadas esses tractores foram substituídos por uns triciclos motociclisticos de uma marca italiana, hoje em dia isso é irreal ou melhor surreal, mas como digo ainda não há muito tempo estes modos de vida eram demais evidentes as pessoas usavam o que podiam, não é como hoje que cada um tem um carro, á 3 décadas ter carro era um luxo inalcançável para muitos o seu meio de transporte era o veiculo rural que trabalhava a terra e ao mesmo tempo transportava toda a família no laser.
                 Portanto citando estes simples exemplos entre muitos outros que podemo-nos lembrar, se calhar chegamos á conclusão de que afinal muitos de nós só temos actualmente o que possuímos é á custa do crédito, credito esse que torna a vida das pessoas uma miragem, pois se a evolução das coisas nos dias de hoje fazem dos exemplos com 30 anos uma verdadeira anedota, o pior é que as pessoas começaram a fazer da miragem a forma de vida e ficaram com a noção que a vida era um paraíso sem fim, esta crise veio fazer com que muitos que levitavam caíssem logo ao mínimo abano, e muitos outros mais cuidadosos caíram também porque caíram nas malhas do desemprego, uns porque não tiveram hipótese, outros porque tinham uma vida no limite das posses e com o desemprego caíram logo em desgraça, se querem melhor exemplo do que eu falo basta qualquer um pesquisar na Internet a evolução do salário mínimo em Portugal ao longo das 3 ultimas décadas para se perceber que o crescimento de muitos foi apenas ilusório, que muitos não podiam a não ser a credito, portanto muitos portugueses viviam mesmo acima das possibilidades e muitos hoje estão a pagar caro pelas opções que tomaram, hoje em dia vejo muitos possuírem carros quase topo de gama, casas em condomínios privados ou casas em condomínios de luxo (impensável á 30 anos), outros que nem imaginam a vida sem telefone pois têm vários ao dispor alem de Internet ilimitada (coisa inimaginável há 30 anos), alem de hoje serem vários os aparelhos informáticos em muitas casas, ainda me dizem que não vivemos acima das possibilidades? A quem pensam que estão a enganar? Pergunto se a evolução do salário mínimo foi proporcional ao nível de vida da população? E quem diz salário mínimo fala do salário médio e esse não evoluiu á velocidade que se verificou o progresso, se calhar nós somos mesmo mais pobres em relação á Europa, não nos podemos comparar com outros países sem que primeiro façamos a mínima ideia das nossas reais possibilidades, e acima de tudo não podemos exigir que os outros nos compreendam se praticamente nenhum de nós entende o que se passa nos outros países, se nós não fazemos ideia do que se passa em Espanha como podemos imaginar o que se passará na Alemanha?



NAKED MAN

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