CURSO DE PREPARAÇÃO PARA O
CASAMENTO CATOLICO
Este episodio caricato
na minha vida passou-se aquando eu casei, a minha mulher gostava que fosse pela
igreja católica, embora ela não seja uma crente ou uma devota gostava apenas
pela cerimonia do que pela convicção (o que a bem se diga grande parte dos que
casam pela igreja católica o façam exactamente pela mesma razão não têm é
coragem para o admitir publicamente), então eu um ateu convicto, lá me
predispus ao “sacrifício”, sem antes “negociar” algumas contrapartidas para o
efeito que diga-se foram cumpridas.
Então na minha época
e penso que ainda hoje isso exista, quem quer casar pela igreja católica tem
que frequentar um tipo de curso de preparação para a vida em comum, o que na minha
ignorância inicial julgava ser o padre a aconselhar os futuros casais acerca do
que era o casamento (logo alguém com uma enorme experiência comprovada nessa
capitulo), mas como eu já afirmei essa era a minha crença mas acabou por
resultar numa certa ignorância, o padre esse apenas iniciava a “jornada” com um
discurso e terminava o dia com uma missa a que fomos todos os casais
“convidados” a assistir e a pagar pela mesma na hora das oferendas, mas isso é
mais adiante.
Ora esses cursos
são administrados por outros casais com mais ou menos anos de casados mas todos
casados que vão transmitir ao grupo um pouco a ideia da “coisa” a que nos vamos
meter, isto claro tudo numa imagem dentro da doutrina católica, eu com a minha
capacidade de observação comecei logo a olhar para os casais que nos serviriam
de “formadores” e ao nos informarem que devido á grande afluência de noivos
teriam que ser divididos pelos vários casais e não ser uma sessão conjunta
entre os vários casais comecei logo o meu julgamento acerca das diversas
personalidades ali presentes, e olhei em volta e reparei que havia desde o
casal de velhotes acima dos 70 anos até a um casal de cerca dos 40 anos,
obviamente devido á minha posição liberal comecei a “rezar” (irónica comparação)
para que me “calhasse” em sorte o casal mais novo pois as ideias dos mesmos
seriam mais coincidentes para com os noivos… isto é julgava eu.
Pois bem não sei
se as minhas preces foram atendidas mas o que é certo é que fiquei no grupo do
casal mais novo o que me deixou mais agradado com a ideia de perder um dia da
minha vida numa situação a que a isso não justificava e a bem ver se soubesse o
que sei hoje teria faltado alegando problemas de saúde e apresentando a respectiva
justificação (o que para mim não seria muito difícil diga-se), mas pronto lá se
iniciou o dito curso numa sala com todos sentados em circulo tipo “alcoólicos anónimos”,
mas em pouco tempo fiquei com a noção de que o que me esperava naquele dia era
tudo menos de bom, o casal em questão era um casal frustrado com a vida e com
uma visão muito radical da perspectiva católica isto é para o elemento feminino
do casal “formador” tudo o que ela fazia era permitido o que ela não fazia era
proibido… confuso? Nem por isso diria que ela usou preservativo então disse a
todos os presentes que a igreja permitia o uso de preservativo… desde que não
fosse como modo abortivo! Como é que é????? Dá para rir não dá? Pois bem foi o
que comecei a perceber onde me tinha metido.
Aquele “curso”
era para o casal como uma terapia de grupo em que teriam que assistir uns
quantos incautos no qual eu estava incluído, é assim diria que o elemento
masculino até dava a impressão de ser uma pessoa normal o elemento feminino é
que era intragável, eu pela minha parte apenas fiz duas intervenções em todo o
curso e em ambas não fui muito meigo nas palavras, pois estavam a levar as
coisas para patamares que eu achava fora do vulgar, e a mim não me impingem
nada a não ser que eu aceite, e ouvir alarvidades de que a pílula era permitida
desde que de modo não abortivo (ao que respondi que experimentasse a senhora a
tomar toda a caixa das pílulas de uma vez que ia ver o resultado) e uma das
melhores tiradas da senhora que disse que valia mais dizer uma mentira como
dizer ter dor de cabeça para não ter sexo a enfrentar uma discussão com o cônjuge
(ao que respondi que havia bem-u-rons ou paracetamol á venda nas farmácias) e
com esta minha intervenção fiquei censurado pois a mesma percebeu que eu não ia
ao encontro do que ela queria que nós fizéssemos, ou seja tudo o que ela fazia
era legal por muito que fosse contra ás regras da igreja e o que ela pensasse
ser ilegal mesmo que permitido pela igreja seria ilegal ela era o centro da
igreja, o que me deixou a pensar no quanto há gente frustrada a viver neste
planeta.
No meio ouvi
coisas do género, que tudo o que de bom era feito no mundo era da responsabilidade
de deus e o que de mau era feita na igreja era culpa dos homens (curiosa esta
observação) ou de que o marido da senhora ultimamente não lhe prestava muita
atenção (o que fez todos olharem para o senhor e o mesmo a fazer cara de “não
faço ideia do que ela está a falar”) e assim perdi mais um dia de vida com
assuntos que de nada contribuíram para a minha felicidade presente nem a
futura, o que me levou a pensar no que de facto a igreja serve afinal na vida
das pessoas? O que é certo é que depois de perder um dia inteiro ainda fomos “convidados”
(engraçado o termo que a igreja usa para obrigar alguém) a assistir á missa
dessa tarde e na altura das oferendas até tivemos cestinhos reservados a nós próprios
(curioso o modo como a igreja trata dos convidados) ou seja somos convidados e
alem disso ainda pagamos, cada vez mais me arrependia de não ter apresentado um
atestado médico.
Tinha imensas peripécias
ainda para contar mas apenas resumi ao máximo esse meu dia perdido numa causa
em que cada vez menos acredito se é esse o termo em que devemos aplicar mas deu
para perceber que há muita gente que se aproveita disso para sobreviver o que
no final constatei era que os noivos que tinham ficado com os casais mais
velhos tinham um sentido de camaradagem que no nosso caso não se verificava e
no final um de nós tinha que ir falar do dia passado, eu apenas disse ao grupo “
se me fazem falar acho que não me vão deixar mais casar aqui… não vou ser meigo
nas palavras” e um dos noivos foi falar umas palavras em vão para elogiar um
dia perdido, enquanto víamos os outros grupos alegres e contentes o nosso
estava mais desunido do que quando iniciamos o “curso” ali todos tinha dado o
tempo como perdido, ao casal que nos formou devem ter contribuído para melhorar
a sua auto-estima pois a nossa estava de rastos alem de ter perdido um domingo
inteiro a assistir a uma coisa intragável.
NAKED MAN